Carros solares
Rodando 3.022 quilômetros pela Austrália, apenas com sol no tanque. Uma equipe de estudantes da RWTH de Aachen se empenha no World Solar Challenge – com ajuda de especialistas do setor de Automobilismo da
Suave e quase inaudível, ele se coloca em movimento. Com uma cúpula de plexiglas cobrindo toda a superfície da carroceria e uma quilha dupla, como de um catamarã, parece que o veículo voltou do futuro. Contudo dá a impressão de ser um pouco familiar, como aqueles automóveis imaginados nas histórias em quadrinhos dos anos sessenta, que antigamente, por meio de desenhos coloridos do trânsito do futuro, nos faziam sonhar. Agora, o amanhã de ontem passa por nós, garantidamente sem emissão de poluentes. Pois ele é abastecido com energia solar.
O carro solar, como é chamado o veículo, se aproxima em silêncio. Imediatamente Christiane Rupp, Hendrik Löbberding e Markus Eckstein acercam-se do automóvel do futuro. Também Marc Locke, o motorista, desembarca do cockpit espartano e tira o capacete. Todos eles estudam na universidade técnica Rheinisch-Westfälische Technische Hochschule (RWTH) ou na faculdade técnica Fachhochschule (FH) de Aachen. Em conjunto com cerca de 40 colegas, eles se dedicam a alcançar um ambicioso objetivo: em poucos dias, levar a “equipe do carro solar de Aachen” à vitória no World Solar Challenge disputadana Austrália, uma corrida para veículos solares mundialmente conhecida. Ela compreende, em primeiro lugar, 3.022 quilômetros de extensão e, em segundo, não é nada fácil.
A chave do sucesso
O veículo foi construído pelos próprios estudantes. Há dois anos eles trabalham no projeto, reunindo especialistas das mais diversas áreas. Uma reportagem sobre o World Solar Challenge de 2015 foi a arrancada inicial. Eles começaram com uma folha em branco. Desde então, a luz do pequeno laboratório quase nunca se apaga – e o termo “eficiência” não saiu mais da cabeça. Porque se o ponto é a resistência dos pneus, a capacidade das baterias e das células solares ou a utilização do orçamento disponível para o projeto – a eficiência é a chave do sucesso. Este é um desafio que atinge tanto os carros solares como também o 919 Hybrid – o protótipo LMP1 da
Em matéria de técnica, os estudantes trabalharam perfeitamente desde o início. A base do seu veículo solar é formada por uma sólida armação de tubos de aço, que sustenta todos os componentes e também garante a segurança no caso de colisão. A carroceria, aerodinamicamente otimizada, é feita de materiais compósitos leves. Na parte superior estão distribuídas 260 células solares de silício em quatro metros quadrados, que carregam um conjunto de baterias de íon-lítio feito sob medida, também de desenvolvimento próprio. O mesmo vale para o motor de cubo de roda de 135 volts, que consegue alcançar a potência de 1,4 cv – pouco mais do que um secador de cabelo, mas ainda assim suficiente pra fazer acelerar até 135 km/h o veículo que pesa menos de 200 quilogramas, o que ninguém quer. Para isso, o veículo anda a uma velocidade média de 70 a 80 km/h com bateria carregada para durar quatro horas e aguentar a distância de pouco mais de 300 quilômetros.
919 Hybrid como modelo
“Nosso objetivo principal é cruzar a linha de chegada”, afirma o chefe de projeto Hendrik Löbberding. “Em 2015, vários foram desqualificados na hora da largada.” Para escapar do mesmo destino, já durante os preparativos o grupo contou com o apoio da experiente equipe de LMP da
“Exatamente como nós, também os estudantes de Aachen vão ao limite máximo para desenvolver seu carro de corrida”, afirma o chefe da equipe de LMP da
Texto Klaus-Achim Peitzmeier
Fotos Thorsten Doerk
World Solar Challenge
O World Solar Challenge na Austrália é considerado o mais árduo desafio para veículos solares do mundo. De 8 a 15 de outubro desse ano ele será realizado pela 14a vez, percorrendo mais de 3.022 quilômetros através do deserto do outback: de Darwin, no norte da Austrália, pela rodovia Stuart Highway até Adelaide, no sul. Os participantes têm seis dias para completar o percurso. Só é permitido dirigir entre as 8 e as 17h, inclusive pausas. Uma velocidade média de 65 km/h deve ser mantida. Os pilotos precisam beber no mínimo dois litros de líquido – indispensável, se considerarmos as temperaturas acima de 40 °C.