Porsche - Magnus Walker

Magnus Walker

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Magnus Walker já era fascinado por Porsche desde a escola – mas naquela época um 911 parecia algo inatingível. Hoje ele possui uma das mais espetaculares coleções de carros do mundo. Por ocasião de seu 50º aniversário, publicou sua autobiografia Urban Outlaw.

Não resta dúvida que Magnus Walker tem um visual realmente cool. Mas isso não significa que ele gaste tempo para pensar nisso. Pelo contrário, os cachos de dreadlock na altura da cintura, os rasgos nas calças jeans e as tatuagens nos braços são simplesmente efeitos colaterais de uma vida veloz. Além disso, o ceticismo diante de todas as expectativas e convenções está estampado no seu rosto. Ou, como ele mesmo formula: “Quando todas as pessoas estão satisfeitas com o seu visual, você está no caminho errado.”

Magnus Walker é designer de moda, ícone de estilo, aficionado por carros – e abriga uma das coleções de Porsche mais impressionantes do mundo numa antiga fábrica em Los Angeles. Como tudo aconteceu, como ele encontrou o seu caminho saindo de Sheffield, cidade inglesa de operários, para a ensolarada Califórnia – tudo isso ele descreve na sua autobiografia Urban Outlaw (“Rebelde Urbano”). O livro respira o mesmo princípio que rege toda sua vida: o que mais importa é a velocidade! A partir da história de Walker, o leitor também pode aprender como é possível continuar tendo prazer de dirigir carros em tempos de colapso total do trânsito. Pois a primeira regra do Urban Outlaw dita: “Faça todo dia uma corrida – se for necessário, contra você mesmo.”

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Valores intrínsecos: Magnus Walker em um de seus 40 exemplares de 911

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Modelo: Porsche 911 S
Ano de construção: 1967
Motor: 2,5 litros, seis cilindros
Cor: Prata metálico

Quando conta sobre seu primeiro encontro com um Porsche 911, sua voz se torna macia, numa mistura de sotaque britânico e da costa oeste norte-americana. Em 1977, ele acompanhou seu pai no Earl’s Court Motor Show em Londres – e se apaixonou na hora por um 911 com listras vermelhas e azuis. “Imediatamente algo ficou claro para mim: este é o carro dos meus sonhos.” Em Sheffield, os tipos de carros eram bem diferentes: caminhões, tratores, “animais de carga”. “Lá eu nunca vi um carro esporte”, conta Walker. Ele foi contagiado com o vírus das corridas automobilísticas na televisão quando assistia as provas de Fórmula 1 com seu pai, e torcia por James Hunt e os outros ícones britânicos. “Eu percebi que nas corridas tudo girava em torno da liberdade e individualidade.” Mas dirigir em Sheffield? Não valia a pena. Walker tirou sua carteira de motorista somente aos 21 anos, em Los Angeles. Quatro anos mais tarde, ele comprava seu primeiro Porsche 911 por US$ 7.500 – um acontecimento que Walker ainda hoje descreve como um “enorme sucesso pessoal”.

Parece lógico buscar a explicação para a vida excepcional de Walker na sua infância – na cidade cinzenta de Sheffield. Quando adolescente, ele abandonou a escola em 1982. Foi para um trabalho de férias nos EUA e ficou na Califórnia, movido pelo desejo de realizar seus sonhos. “O pensamento de ter que voltar como fracassado para a Inglaterra era a pior coisa para mim.” Primeiro Walker vendeu em Venice Beach as roupas punk que ele próprio criava. Mais tarde ele começou a trabalhar no mercado imobiliário com sua esposa Karen. A segunda regra do Urban Outlaw: “Quando você se sente bem, faça isso e pronto.”

Foi exatamente este lema que na realidade impulsionou a paixão de Walker como colecionador. Ao longo dos anos, dezenas de 911 começaram a fazer companhia ao seu primeiro exemplar do 911 – hoje são mais de 40 veículos, calcula Walker. Ele conseguiu encontrar a maioria deles como exemplares bem destruídos, até mesmo prontos para o ferro-velho. E transformá-los em exemplares únicos e espetaculares, na sua mistura típica de instinto brincalhão e estiloso. Com cada um dos carros, tentava realizar o seu sonho de criança de criar mais uma vez o carro esporte perfeito. Mas seus carros não são de forma alguma objetos decorativos, muito pelo contrário: seu proprietário não tem nada contra arranhões e pequenos danos na pintura. “Carros têm que ser usados”, reza sua convicção – e isso às vezes deixa rastros. Para ele, a paixão como colecionador também é expressão de sua curiosidade, de seu impulso de pesquisa. “Só quando eu tiver um exemplar 911 para cada estágio de desenvolvimento desse modelo, poderei entender toda a evolução desse veículo”, explica Walker. Por essa razão, ele raramente vende um de seus carros. O industrial e lendário colecionador de Porsche, Bob Ingram, pagou mais de US$ 300.000 por um 911 “STR II”, que uma vez adornou a capa da revista Road & Track. A terceira regra do Urban Outlaw diz: “Faça negócios só com pessoas que tenham a mesma paixão que você.”

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O “quartel-general”: os 911 de Walker ficam em um armazém reformado, no centro de Los Angeles

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Walker, o rebelde, completou 50 anos. Cabelos brancos aparecem na sua barba e nos dreadlocks. Pelo menos na vida pessoal, agora ele volta e meia faz uma pausa. Depois de todos esses anos, ele desacelera com mais frequência. Ele afirma estar “numa fase de reflexões” – algo que vindo de sua boca soa quase estranho, mas tem uma razão bem séria. Sua esposa faleceu há quase dois anos. Um motivo para ele procurar novos objetivos de vida. Ele sabe sobretudo o que não quer: mansão de férias, golfe, seminários sobre vinhos – nada daquilo que ocupa muitos homens bem-sucedidos na sua idade lhe interessa. “Quando eu era criança, já ignorava as regras. E desde então não mudei de comportamento.” A regra principal do “rebelde urbano” dita: “Quando você não dá importância a convenções, tudo é possível.”

Hoje, raramente é possível encontrá-lo na sua garagem ou na sua empresa – ele entra em contato com seus funcionários somente em períodos regulares de algumas semanas. “Não quero mais abrir nenhum outro negócio, mas sim ter outras experiências bem diferentes”, confessa Walker. Ele passou o verão na República Dominicana. Para quê? Dirigir, dirigir, dirigir – com um Porsche 911 GT3 em estradas estreitas cruzando a ilha do Caribe para lá e para cá. “Ali você nunca sabe o que lhe aguarda depois da próxima esquina, você tem que lutar por cada centímetro da pista.” Apesar disso, ele volta e meia testa a incrível aceleração do carro – e ao fazê-lo vivencia breves momentos de pura felicidade, como ele diz. Quando senta à noite com amigos para tomar uma cerveja embaixo de uma ponte da Highway, ele diz que ainda pode sentir as vibrações da pista em cada uma das células de seu corpo. Estas são experiências que lhe dão impulso na vida. Por isso ele quer continuar a viajar, quer ficar em movimento. “A pergunta mais intrigante é principalmente, qual será o próximo destino.” Magnus Walker já sabe: com o 911 na mais longa das pistas – a Pan-Americana.

Texto Tobias Moorstedt
Fotos Alexander Babic